Adam Smith: quem foi? Qual sua influência hoje?


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Ao lado Adam Smith (1723-1790; liberalismo clássico), precursor (ou 'o pai') do liberalismo.

Sabe a meritocracia, a liberdade de mercado, a suposição de que a única forma de progresso em sociedade é de que o ser humano deva sempre competir entre si por melhores bens, e muitos outros conceitos liberais?
Sim! Adam Smith foi o criador de todos eles; claro que outros economistas próximos à sua época como David Ricardo e J. S. Mill, foram importantes figuras na formulação do sistema capitalista. Smith, no entanto, foi o principal por ter "esquematizado" todo o sistema liberal.

Influência


Smith os demais liberais clássicos influenciaram diversos pensadores de seus tempos, e também recentemente a Escola Austríaca (neoliberais), que adota praticamente todos os seus pressupostos, porém de forma a contextualizá-los no século atual.

Filosofia


A filosofia é muito importante na economia, pois ela determina o motivo pelo qual daremos ou não determinado fim a determinados objetos. Isso ficará claro no exemplo a seguir, explicando a filosofia smithiana sobre o homem: 
Antes, vale ressaltar que o sistema filosófico libertário clássico também é adotado, aliás pelos economistas neoliberais, formando o modelo de filosofia da economia derivado do pensamento smithiano.
Em sua obra A Riqueza das Nações, Adam Smith coloca o primeiro sinal dessa tal filosofia: 

Não é da bondade do açougueiro, do cervejeiro ou do padeiro que podemos esperar o nosso jantar, mas da consideração que eles têm pelo seu próprio interesse.
A filosofia liberal do ser humano, em resumo, não aceita como normal a bondade espontânea, e por isso afirma a necessidade de que o indivíduo aja sempre por seus interesses individuais. Sendo assim, analisa-se: alguém realiza um trabalho para outrem no caso de sair lucrando com o fetiche criado sobre o produto que ele produziu (caso A), ou em caso de necessidade de realizar tal trabalho (caso B).

Por exemplo, caso A*: João vende sorvetes na praça, e deve produzir 10 sorvetes em um dia. Se o trabalho dele se expressa com um valor-de-troca maior em relação a outros trabalhos, isto é, se o sorvete que ele produziu, em comparação a um caderno (outra mercadoria, para fins de comparação), assume um valor-de-troca de 10 reais a mais, ou seja, se a quantidade de sorvetes que João produziu possui uma utilidade melhor que a de um único caderno (por poder ser distribuída entre mais pessoas, gerando mais renda ou qualquer outro motivo), então o retorno total de joão deve ser, suponhamos, de 20 reais, já que um caderno custa 10. João, no entanto, deseja receber um valor maior do que o trabalho por ele realizado, que é de 20 reais (ou de 10 reais a mais que um caderno) e cobra por esse trabalho 25 reais para seus clientes. Seus clientes desejam muito o sorvete, pois o dia está muito quente! Eles não se preocuparão em pagar 5 reais acima do valor comum do produto, pois o ambiente lhes deu o fetiche pelo sorvete. Ou seja, fatores externos influenciam em valores-de-troca, e é assim que o empresário obtém seu lucro. Esse lucro serviria como incentivo a ele para continuar produzindo sorvetes, pois quando estivesse frio, as pessoas tenderiam a parar de tomar sorvetes, e João teria que parar de vender seu produto, ou diminuir o preço do mesmo, ou passar a vender outro produto, e o mercado funcionaria dessa forma, organizado pelas influências externas que determinam os Valores dos produtos. Organizado, nas palavras de Smith, por uma "mão invisível".

Caso B: O indivíduo que necessita de alimento, roupa e abrigo sempre fornecerá sua mão-de-obra por aquilo que pode ajudar-lhe; há aqui a necessidade da realização do trabalho. Em Smith, vemos que isso se expande e se dá em quase todas as esferas sociais. O trabalho é parte do homem, e ele deve realizá-lo desde cedo para que possa se aprimorar cada vez mais e ser melhor e mais técnico nele, obtendo seu justo mérito por um esforço concentrado em determinada área de trabalho (e sobrevivendo).

Meritocracia e produção


A meritocracia também é parte do pensamento smithiano. Segundo ele, aquele trabalhador que conseguisse desempenhar seu serviço da melhor forma, ou seja, mais técnico e mais preciso o possível, deveria ter maior privilégio e reconhecimento dentro de sua área. Algo que fica óbvio, nessas considerações, e que é dito pelo próprio autor, é que um trabalhador que já nasce em um contexto que lhe oferece a oportunidade de realizar um trabalho X tem muito mais chance de "se dar bem na vida" realizando esse exato trabalho. Se alguém faz pregos desde que nasceu, por exemplo, mas não é um bom ferreiro em geral, tende a ser melhor que o ferreiro que realiza outros serviços.

Obtendo um olhar crítico sobre a teoria smithiana, é fácil obter-se um trabalho voltado para minúsculas áreas da produção que não permitem a liberdade ao trabalhador para que ele se sinta possuidor de seu próprio serviço que está investido no produto final. Se alguém faz carros, por exemplo, e trabalha em uma determinada linha de produção cujo objeto é a porta do carro, essa pessoa, ao ver o carro completo, não se reconhece naquele produto, ou seja, o produto de seu próprio trabalho não é seu, mas do dono dos meios pelos quais esse trabalhador produziu o carro por completo. Sendo assim, aceita um valor que não tem a ver realmente com seu trabalho e não produz para si.

Outra crítica mais comumente realizada a Smith é a de que as pessoas nascidas em determinadas classes sociais tendem a permanecer em suas classes sociais. Isso porque o cidadão pobre tem serviços de cidadão pobre para exercer, e deve se destacar neles, nunca subindo. Poder-se-ia contrapor-se esse argumento com o que diz que a classe pobre pode subir por exercer outros trabalhos, mas isso já vai contra o princípio da técnica; mesmo assim, se não houvesse tal princípio, a classe pobre não possui acesso a tais trabalhos diferenciados e que podem dar-lhe maior renda. É necessária, então a existência de uma classe miserável/pobre na sociedade liberal smithiana. O pensamento contrário a isso, e que acredita que a classe pobre pode sair da linha de pobreza por mera bondade das classes superiores, é chamado de socialismo utópico que, como o próprio nome já diz, nada tem a ver com o socialismo científico.

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*  Para esse exemplo desprezamos o valor do sorvete e dos ingredientes necessários para sua produção; suponha-se que os materiais já estão dados.

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