Pixelcanálise
- Esqueci as chaves! Perdi o documento importante!
- Xi... Pode ser que esteja esquecendo propositalmente.
- Como assim "propositalmente"?
- Bem.. Essas e outras situações, inclusive a de trocar as palavras semelhantes na hora da pronúncia são conceitos estudados pelo precursor da psicanálise, Dr. Sigmund Freud. Vem comigo que eu te conto melhor!
Dr. Sigmund Freud, no âmbito de fundamentar alguns de seus conceitos, nos apresenta o de ato falho. Podemos defini-lo como ato de expressão de vontade ou indução (geralmente de vontade) do inconsciente do indivíduo que, "sem querer", ou sem a intenção. Algumas vezes, nem mesmo o sujeito que comete o ato falho sabe de seu desejo conscientemente.
- Xi... Pode ser que esteja esquecendo propositalmente.
- Como assim "propositalmente"?
- Bem.. Essas e outras situações, inclusive a de trocar as palavras semelhantes na hora da pronúncia são conceitos estudados pelo precursor da psicanálise, Dr. Sigmund Freud. Vem comigo que eu te conto melhor!
Dr. Sigmund Freud, no âmbito de fundamentar alguns de seus conceitos, nos apresenta o de ato falho. Podemos defini-lo como ato de expressão de vontade ou indução (geralmente de vontade) do inconsciente do indivíduo que, "sem querer", ou sem a intenção. Algumas vezes, nem mesmo o sujeito que comete o ato falho sabe de seu desejo conscientemente.
Como os atos falhos se representam?
Pelos lapsos! Um lapso pode ser verbal, de escrita, de audição, de esquecimento temporário, ou pode ser um extravio. Se falei algo sem querer cometi um ato falho verbal; se escrevi algo próximo à palavra que quis escrever, cometi um ato falho na forma de escrita. É importante ressaltar que o interesse de Freud ao escrever sobre esses atos falhos não é de tratar sobre a pessoa que talvez estivesse cansada ou nervosa, e por isso acabou cometendo o ato falo. É admitido que isso pode acontecer sim, mas não é o foco de Freud dizer sobre esses casos.
A ideia é mostrar que existem atos falhos que são propositais, causados pelo próprio sujeito. Para isso, Freud usa de um conceito da psicanálise, teoria fundada por ele, que é o inconsciente.
E o que é o inconsciente?
O sujeito tem em seu inconsciente uma gama de informações muito maior do que tem no consciente; um ser humano é consciente e inconsciente, tendo uma terceira divisão na psique (ou seja, na mente, naquilo que se é como um todo em pensamento e Vontade). Porém, não é possível simplesmente enxergar seu próprio inconsciente. São pensamentos inalcançáveis.
Freud conceitua a consciência humana como possuidora de três camadas de pensamentos: ego, id, e superego. As informações inconscientes ficam no id, as informações conscientes (aquilo que se pensa, aquilo que se sabe que está pensando, tudo que está agora na mente do ser humano em questão) ficam no ego, e os ideais ficam no superego. Os ideais são aquilo que a pessoa almeja ser, almeja fazer, aquilo que visa a perfeição e o ideal de ser humano, a vida ideal, etc. [O assunto dos ideais é extenso quando Freud escreve Psicologia das Massas e Análise do Eu, então será abordado em outro artigo].
E qual a relação entre inconsciente e ato falho?
O inconsciente se manifesta nos lapsos, e quando isso acontece estamos diante do ponto que interessa para Freud. Um bom exemplo é quando, em um exemplo do autor, um presidente inicia uma sessão afirmando: "declaro encerrada a sessão!". O presidente, logo se nota, não possuía o desejo nem mesmo de começar a sessão; talvez acreditasse que ela não poderia levar a nada, mas mesmo assim tem que iniciar a mesma, e por isso acaba declarando-a como encerrada na abertura, cometendo um ato falho pelo inconsciente.
Sobre os atos falhos de audição, se João estava em uma conversa com Maria e havia uma furadeira no ambiente, por exemplo, então não podemos culpá-lo por não compreender o que ela disse. Porém, se Maria diz-lhe a palavra "ensejo" e não havia qualquer ruído ou motivo claro para que ele tenha trocado as palavras que ela disse e compreendido outra coisa, e mesmo assim isso João entende "despejo", então talvez não tenha compreendido corretamente o que foi dito por conta dele mesmo. A palavra "despejo" compreendida no lugar de "ensejo" já estaria mais "à mão", pois ele já esperava que ela dissesse "despejo", ou porque qualquer outro motivo relacionado a seu inconsciente.
Isso acontece também no esquecimento temporário. Quando João esquece o nome de Maria por qualquer motivo justamente quando ele precisava, isso quer dizer que ele pode ter esquecido propositalmente, porque não quer realizar a ação para a qual precisa do nome dela.
Já o extravio acontece quando se perde um objeto propositalmente. Quando, por exemplo, determinada pessoa perde as chaves de casa justamente antes de sair para o trabalho, pode ser que tenha perdido-as por conta de um desejo inconsciente de não comparecer ao local de trabalho. Significa o desejo inconsciente de não querer ir trabalhar naquele dia. As chaves podem ser achadas, em um outro momento, no bolso da própria calça que essa pessoa estava usando, e a mesma talvez dirá: "Como sou tont@! As chaves estavam no bolso da calça!".
Outro exemplo de ato falho verbal e ligação com o inconsciente, este usado por Freud, é o do livro "O Mercador de Veneza", no qual a personagem Pórcia diz a seguinte frase a seu pretendente:
Metade de mim é tua, a outra metade, tua -
Minha, quero dizer
Com essa frase, ela deixa claro o desejo (que não podia expressar, mas acaba expressando) de que tal pretendente se case com ela.
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